quinta-feira, 27 de junho de 2024
O Primado de Pedro e a Doutrina Católica sobre o Papa
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
O desenvolvimento da Doutrina Eucarística
A doutrina da Eucaristia, também conhecida como a doutrina da Santa Ceia ou da Comunhão, é um dos pilares centrais da teologia cristã. Ao longo da história da Igreja, houve diferentes interpretações e desenvolvimentos dessa doutrina, levando a diversas visões teológicas e práticas litúrgicas. Abaixo, apresento um resumo do desenvolvimento da doutrina sobre a Eucaristia em diferentes períodos:
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023
O cristão deve brincar carnaval?
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Imagem: Pixabay |
Olá povo amado de Deus!
Chegou o Carnaval!
Neste fim de semana tem início a maior festa popular do Brasil, o Carnaval. Nestes dias milhares de pessoas participam de blocos e troças que acontecem nas ruas das nossas cidades. Bandas de músicas e orquestras animam os foliões.
O Carnaval é uma festa Católica no qual marca o último dia que os fieis “podem” comer carne, tendo em vista o início do Tempo Quaresmal, que se inicia na quarta-feira de cinzas.
Os festejos do carnaval ao longo do tempo foram sofrendo alterações significativas. O que antecipava um tempo de reflexão e oração, tornou-se uma “desordem”. Na idade média as cortes comemoram os carnavais com grandes bailes, enquanto nas ruas os festejos populares com improvisações alegravam a plebe dos reinos.
Quando olhamos o carnaval hoje, pensamos nos abusos e pecados cometidos livremente pelos foliões. Caricatos, mascarados e travestidos conseguem transmitir o que está oculto em seus desejos. Não há “limites” para esses dias.
Por muitas vezes vejo exagero por parte de religiosos quanto participar ou não da “folia de Momo”. Muitos dizem ser pecado, por causa dos ambientes sugestivos aos erros. Outros ainda defendem que o carnaval, desde que seja brincado com prudência e respeito não faz “mau” algum. Quanto a mim, sempre prezo pela consciência. Ela lhe acusa? Não brinque. Se sua a intenção é fazer mau aos outros, exagerar na bebida alcoólica ou pecar gravemente. Guarde-se! Se você gosta de participar de retiros e encontro de oração participe de forma plena. Deus quer a nossa sinceridade de coração!
Se você procurar opiniões você sempre vai encontrar de forma diversificada e tendenciosa para o que seu coração deseja. Por isso neste carnaval seja sincero com você mesmo.
Poderíamos enumerar dezenas de passagens bíblicas que condenam as práticas realizadas no carnaval, mais cada um sabe o que fazer a partir de sua consciência.
Escolha Deus!
Deus abençoe a todos!
Por Josemar Oliveira
terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
Quem blasfemar contra o Espírito Santo...
Hoje não ouvimos muito sobre o pecado contra o Espírito Santo, embora as Escrituras falem claramente sobre isso. Quando os fariseus dizem que Jesus expulsa os demônios com a ajuda de Belzebu (Mc 3,29), na verdade estão atribuindo ao príncipe dos demônios o que Jesus faz com o poder de sua própria divindade e com o poder do Espírito Santo.
Depois disso, Jesus diz que quem pecar contra o Espírito Santo não será perdoado nem nesta vida nem na vida futura.
O pecado contra o Espírito Santo, a blasfêmia contra o Espírito Santo, não consiste apenas em palavras, mas pode ser realizado em ações, ou pode vir diretamente do coração de uma pessoa.
O Espírito Santo é o próprio amor (caritas). O perdão dos pecados realiza-se na Igreja através do amor. É por isso que atribuímos especificamente o perdão dos pecados ao Espírito Santo. (Cf. " Recebei o Espírito Santo. A quem perdoas os pecados, eles são perdoados ", Jo 20,22-23).
Portanto, podemos dizer que ele comete um pecado imperdoável contra o Espírito Santo, que consciente e deliberadamente resiste ao perdão dos pecados, ou seja, o Espírito Santo, em pensamento, coração, palavras ou ações, e persiste neste pecado até sua morte.
E é por isso que Santo Agostinho diz que o pecado contra o Espírito Santo nada mais é do que a cumplicidade com o pecado, que dura até a morte, depois da qual não há como voltar atrás.
Assim como atribuímos o perdão dos pecados ao Espírito Santo, também atribuímos a bondade. O Espírito Santo é a própria Bondade. Portanto, aquele que - com malícia deliberada - blasfema contra o Espírito Santo em seu coração, ou com palavras ou ações, está resistindo deliberadamente à bondade do Espírito Santo.
Pode ser assim, por exemplo, quando alguém blasfema contra Deus por malícia, mas também pode ser pecado contra o Espírito Santo quando alguém duvida da misericórdia de Deus e nela persevera até à morte, ou simplesmente olha com demasiada presunção para a misericórdia de Deus e se permite tudo. Nesses casos, a esperança, o santo temor de Deus e outros dons do Espírito Santo se desgastam do coração, e daí nasce a indulgência para com o pecado.
Tomás observa ainda que xingamentos e palavrões cometidos por fraqueza humana (isto é, não por malícia), embora sejam pecado, não podem ser considerados pecado imperdoável contra o Espírito Santo (caso a pessoa se arrependa), porque neste caso é é mais um mau hábito ou esquecimento de si mesmo, bem como falta de controle das emoções, e não uma verdadeira malícia. Mas o hábito gera pecado e pode até se tornar pervertido.
Podemos alimentar a nossa relação com Deus, o nosso amor a Deus e ao Espírito Santo, alimentando e vivificando as virtudes, a fé, a esperança, o amor, etc., assim como os dons do Espírito Santo.
Santo Tomás de Aquino, Sobre o mal, q.3.a.14.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023
A importância do matrimônio nos padres da Igreja
"O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união."
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)
Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança(Gn 1,26), como dons a serem desenvolvidos na realidade do mundo e em vista da glória do Senhor. Esta unidade do homem com a mulher e da mulher com o homem alude ao desejo do próprio Criador de que o casal viva bem, junto na paz e no amor. Tudo é dado de uma forma simples e humilde o qual este processo não pode se dissolver, porque como diz a Escritura o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois formarão uma só carne (Gn 2,24). Jesus retomou o ideal e a objetividade do matrimônio na criação quando foi perguntado pelos fariseus se era permitido ao homem despedir a mulher por qualquer motivo, afirmou ele que o Criador os criou para viverem unidos, pois, o que Deus uniu o ser humano não separe (Mt 19,3-6). O casal é abençoado por Deus desde as origens no mistério do amor do Senhor Deus Uno e Trino para com a humanidade. Será muito importante ver como os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos elaboraram esta doutrina que ilumina as pessoas nos séculos posteriores até chegar à atualidade. O matrimônio é graça de Deus e é responsabilidade humana.
O matrimônio como unidade de duas pessoas.
O matrimônio era visto pelos padres da Igreja, como entrega de duas pessoas para uma vida em conjunto, tendo a benção de Deus para a sua unidade. Eles falaram de um acordo que foi ratificado por Deus que criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). O Senhor conduz a esposa ao esposo e o esposo à esposa tendo como conseqüência as núpcias e ratificando a sua união, dada pela Igreja[1]. O princípio da unidade e da indissolubilidade estavam presentes nos padres da Igreja ganhando força a palavra do Criador destes valores cristãos ao matrimônio e o Senhor Jesus que também colocou o matrimônio no plano das origens, do Criador em vista das pessoas buscarem uma vida indissolúvel, uma só carne (Mt 19,4-5)[2]
A benção do matrimônio cristão
Tertuliano, padre da Igreja no Norte da África dos séculos II e III afirmou a felicidade do matrimônio porque é a Igreja que ratifica a vivência de duas pessoas, une os jovens para viverem juntos sendo a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). É uma espécie de hóstia eucarística, uma benção selada, que os anjos anunciam nos céus e o Senhor Deus aprovou?[3]. Tertuliano colocou a importância do casal na unidade de seus projetos e de suas vidas. Para ele seriam dois fiéis, homem e mulher unidos numa única esperança num só desejo, num único respeito, numa única vida de serviço e doação[4].
Única carne na vida e na Igreja
Tertuliano reforçou também a unidade a partir do dado bíblico, proveniente do Senhor Jesus no qual o casal é dois numa única carne (Mt 19,6). Desta forma é uma só vida, sendo também um só espírito, onde juntos rezam, juntos se ajoelham, fazem as admoestações um ao outro, exortando-se um a outro, como também se confortam um ao outro[5].
Esta unidade na vida humana para ser uma só carne, é dada também na Igreja de Deus, no banquete do Senhor, da eucaristia, sendo também igual nas perseguições e nas consolações. O casal visita livremente os doentes, dá uma grande ajuda aos pobres. A cruz não se faz no esconderijo, a benção não é dada no silêncio na vida do casal. Ao ver e sentir estas coisas, o Senhor Jesus alegra-se, convidando-o à sua paz (Jo 14,27). Onde está o casal lá se encontra o Senhor (Mt 18,20) e onde Ele está, não há lugar para o mal[6].
O matrimônio: a união
São Clemente de Alexandria, Padre dos séculos II e III disse que o matrimônio é a união de um homem e de uma mulher, segundo a lei, em vista do amor e da procriação. A pessoa casa com o tempo com uma pessoa que o ama e assim o casal tenha as condições para a geração de filhos e de filhas[7]. O casal é convidado a se querer bem um com o outro e também seja ciente na procriação dos filhos[8].
A superação da divisão
São Clemente reforçava a idéia para os homens casados não buscarem a divisão com as suas próprias mulheres pela vida dos filhos e por ser uma opção que não favorece a lei do Senhor, a divisão é claro. O autor exortava para que se começasse a partir do matrimônio a mostrar em casa o valor de uma vida de santidade. É uma realidade excepcional a união conjugal, o matrimônio é uma grande graça para o serviço do Senhor no mundo[9].
A vivência da virtude e da unidade
O autor alexandrino teve também presente na unidade do casal a vivência das virtudes, da fé, da caridade no homem e na mulher, pois se tratava do matrimônio cristão. O fato é que o mesmo Deus está em ambos, e é também para ambos, o mesmo Pedagogo, Jesus Cristo. Uma é também a Igreja, a temperança, comum é o alimento, o vínculo nupcial, um é o respiro, a vista, o conhecimento, a esperança, a obediência, o amor porque todas as coisas são iguais na unidade do matrimônio. As pessoas as quais tem comunhão de vida pelo matrimônio, terão em comum, a graça e a salvação[10].
Deus os criou homem e mulher
Orígenes, padre alexandrino dos séculos II e III teve presente o dado bíblico de que o Senhor Deus criou o ser humano, homem e mulher, como imagem e semelhança suas, para que também crescessem, se multiplicassem, enchessem a terra e a dominassem (Gn 1,27-28). O Senhor abençoou os dois para que vivessem bem em unidade com as criaturas e com Deus[11].
A igualdade diante de Deus
Orígenes ressaltou que a forma como Deus criou o homem e a mulher conduz a unidade do casal e à plena igualdade diante do Criador. Não existe uma superioridade de um para com o outro pelo fato de serem criaturas feitas pelo Senhor. Por isso Orígenes é contra a dominação no casal por que toda a relação com Deus seja digna pela vivência da unidade no matrimônio, uma vez que o Salvador disse que assim não são mais dois, mas uma só carne (Mt 19,21). Quando as coisas reinam no matrimônio, como a concórdia, a harmonia por parte do marido para com a mulher, e por parte da mulher com o marido, agindo em favor da unidade e da igualdade é possível que a palavra de Deus se realize no matrimônio, pois não se trará mais de dois. É Deus mesmo que une as duas pessoas em uma só, afim de que não sejam dois seres distintos, mas que vivam unidos entre si, com os outros e com Deus[12]. Para Orígenes é muito importante afirmar que quando o matrimônio respira a graça de Deus, deriva a harmonia, o amor no casal. O matrimônio constitui uma graça divina, quando não existe a instabilidade, mas quando reina a paz, dom de Deus para o mundo e para o casal[13].
O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união. As autoridades olhem com carinho as famílias para que hajam políticas públicas em favor das mesmas. Os padres da Igreja tiveram presentes as palavras do Criador lá no início e a retomada do Senhor Jesus ao mesmo plano de unidade, de fraternidade para assim formar um só ser no mundo e um dia na eternidade.
[1] Cfr. H. Crouzel – L. Odobrina. Matrimonio. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo di Berardino, F-0. Genova-Milano, Casa Editrice Marietti, 2007, pgs. 3133-3134.
[2] Cfr. Idem, pg. 3134.
[3] Cfr. Tertulliano. Alla sua sposa II, 8,6. In: La Coppia nei Padri. Introduzione, Traduzione e note di Giulia Sfameni Gasparro, Cesare Magazzù, Concetta Aloe Spada. Milano, Edizione Paoline, 1991, pg. 185.
[4] Cfr. Idem, 8,7, pg. 186.
[5] Cfr. Ibidem.
[6] Cfr. Idem, 8,8, pgs 186-187.
[7] Cfr. Clemente Alessandrino. Stromati II, 137-1-4. In: Idem, pgs. 200-201.
[8] Cfr. Idem, III, 58,1-2;, pgs. 202-203.
[9][9] Cfr. Clemente Alessandrino. Il Pedagogo, III,XI,84,1. In: Idem, pg. 203.
[10]Cfr. Idem, I,IV,10,1-2. In: Idem, pg. 205.
[11] Cfr. Origene. Omelie sulla Genesi I, 14. In: Idem, pg. 226.
[12] Cfr. Origene. Commento al Vangelo di Matteo XIV,16. In: Idem , pgs. 231-232.
[13] Cfr. Commento a 1 Cor., fr. 34e fr. 35: C. Jenkins, The Origen Citations in Cramer´s Catena on I Corinthians, JTS 9. In: Idem, pg 233.
Fonte:Vatican.va
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
Tempo Comum
“Através do ciclo anual a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor” (NALC 17). Este ciclo anual tem um centro, fonte e cume, que é a solenidade da Páscoa. “A solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana” (NALC 18).
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Fé Católica | Confissão
CONFISSÃO
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
A catequese da Criação
Para iniciar a discussão deste tema, indicamos a seguinte Leitura Básica: Gn 1,1-31; 2,1-25; 3,1-24.
Conhecemos a história da criação através da Bíblia, no Primeiro Testamento. “No princípio DEUS criou o céu e a terra” (Gn 1.1), quando nada existia, nem o tempo. DEUS rompeu o silêncio com sua palavra. Palavra criadora. Esta palavra divina, viva e eficaz, deu início a tudo que existe e vive.
É necessário, porém, compreender que o Gênese não se trata de um livro de história secular, nem tampouco de um manual da evolução biológica com a finalidade de apresentar as origens do mundo e da humanidade. Seu autor teve em vista apresentar um ensinamento religioso que determina as relações entre o homem e o seu Criador.
O texto foi escrito em forma poética, com uma linguagem simples e figurada, adequada ao povo que vivia naquela época, mas preservando para sempre os seguintes ensinamentos:
- Deus é o criador do mundo e a sua obra é perfeita.
- Cada parte do meio ambiente tem sua finalidade, existindo todos os seres em uma relação de harmonia e interdependência.
- A humanidade é o ponto mais alto da Criação.
- O homem é moldado por Deus, à Sua imagem e semelhança, e animado com um sopro de vida. A mulher é companheira do homem, com igual dignidade. Devem formar um só ser e constituir uma família, vivendo em comunidade.
- O homem descansa verdadeiramente quando se volta para Deus, dando graças por todas as suas criaturas. Somente Nele encontramos o repouso necessário.
- O paraíso é viver em harmonia e amizade com Deus, que nos dá todas as coisas.
- O abuso da liberdade e o desejo de poder leva o homem a desobedecer o mandamento de Deus, estabelecendo o pecado original.
- Através dos tempos, percebemos que onde o pecado abundou, a graça superabundou. Pois Deus nos dá seu Filho Jesus, que nos livra do pecado e nos devolve a vida eterna.
Ainda hoje Deus continua criando e conservando o universo. Ou seja: continua falando para nós através das coisas e das pessoas. Oferecendo-nos a sua criação, Ele dá-nos também a inteligência e o poder de aperfeiçoá-la.
O maravilhoso em nossa vida não é que nada possamos fazer sem o auxílio de Deus, mas que Ele não queira fazer nada sem nosso auxílio. Sobretudo, não é a ação que nos torna feliz, mas o fato de estar ao lado do Senhor para fazer-lhe a vontade.
Percebemos pela narração do Gênese que Deus não precisa de nós, mas estabeleceu seu plano de amor contando conosco!
Para refletir:
Vimos então que DEUS criou o homem belo, perfeito. Você foi criado à imagem de DEUS. Vimos a descrição do paraíso. Porque será que o mundo é exatamente o contrário daquilo que deveria ser? Quem é responsável? Como está você, à imagem de DEUS hoje? O que é necessário você romper hoje para que se torne uma imagem de DEUS? Se joguem nas mãos de DEUS e deixem-se modelar como o vaso nas mãos de um oleiro…
Fontes: Bíblia Sagrada, Edição Ave-Maria. / Catecismo da Igreja Católica, Edições Loyola, 1999. / Site: http://www.catequisar.com.br
domingo, 7 de agosto de 2022
Vocação sacerdotal: chamado para exercer um serviço de amor
Bispo Diocesano de Santo André – SP
Santo Agostinho escreve que o sacerdócio é um serviço de amor (amoris officium) porque é um serviço de pastor, é gastar a vida no zelo pelo rebanho que é o povo de Deus. A caridade pastoral é a pedra de toque da vida sacerdotal bem vivida, constitui o eixo da espiritualidade do padre diocesano e também a nota característica da nova evangelização: “Evangelização nova em seu ardor supõe fé sólida e caridade pastoral intensa…”2 . Deste modo, quem sente no íntimo do coração o chamado de Deus para seguir a vocação sacerdotal deve se preparar para o serviço de amor ao próximo no seguimento de Jesus, ou seja, na entrega da vida. Há necessidade de um período relativamente longo de preparação.
Esta preparação vai exigir um discernimento contínuo durante o tempo de formação que inclui a vida no seminário, estudo na faculdadede filosofia e teologia, trabalho de estágio pastoral, etc. Discernimento para descobrir a vontade de Deus a respeito da própria vocação, e discernimento para perceber até que ponto, está correspondendo com sinceridade aos sinais que Deus aponta no íntimo do coração. “Discernir é separar, selecionar, interpretar e julgar, para escolher e decidir”3 .
Há hoje um conflito entre vida como projeto pessoal e vida como vocação. A vida como projeto pessoal coloca o acento na liberdade da pessoa para fazer o que lhe apraz, e a vida como vocação coloca a pessoa diante do mistério de um chamado que faz do homem interlocutor de Deus. Daí surge o desafio de harmonizar e relacionar o projeto pessoal com o chamado de Deus. O período de discernimento tem como objetivo mostrar que a liberdade pode ser colocada a serviço da causa do Evangelho, e a vida pode ser descoberta como dom e missão. A vocação é dom do Espírito Santo, o vocacionado deve aprender a discernir com ajuda da comunidade, daqueles que a Igreja coloca tendo a missão de ajudar no processo de discernimento e de formação. São pessoas que tem o “ministério da orientação”, pessoas espirituais que vão ajudar perceber a qual é a vontade de Deus.
Daquele que se sente chamado ao sacerdócio, o período de discernimento e formação vai exigir muita atenção, disponibilidade e sensibilidade, para perceber os sinais que serão emitidos a partir do interior. Nesta situação a vida de oração, a espiritualidade é essencial para iluminar todo o processo de formação em todas as suas dimensões. “A voz do Senhor que chama não deve ser esperada de forma nenhuma, como algo que vá chegar de modo extraordinário aos ouvidos do futuro presbítero. Pelo contrário deve ser entendida e distinguida por meio dos sinais que diariamente se dão a conhecer aos cristãos atentos, prudentes”.4
Todo jovem chamado ao seguimento de Jesus na vida sacerdotal, recebe uma grande graça de Deus, mas ao mesmo tempo esta graça, este dom é exigente. É um chamado que impõe condições novas de vida, que faz o vocacionado diferente dos outros e isto às vezes pode pesar. Já no Antigo Testamento se enfatiza a separação, mesmo a respeito de familiares (Gn 12,1; Is 8,11; Jr 12, 6; 1Rs 19,4). Jesus vai também ser exigente (Lc 9, 23-24). O seguimento radical de Jesus exige a opção precisa de perder a vida no dom de si: “é morrendo que se vive”. Esta é a experiência profunda que o jovem chamado ao sacerdócio deve conseguir fazer, para ter paz durante o exercício de seu ministério e não ficar à mercê de uma imaturidade que nunca termina, com seu corolário de indecisões, meias verdades e decisões incompletas.5
Durante o período de formação para o ministério sacerdotal, muitos serão os elementos que vão ajudar o seminarista a consolidar sua vocação e adquirir aquela certeza de ter sido chamado, aquela intimidade com Jesus Cristo , que vai sustentá-lo por toda a vida. Gostaria de destacar aqui três elementos que julgo fundamentais, faço-o a partir da sinalização que nos dá o Concílio Vaticano II. “Ao afirmar o primado da evangelização, o Vaticano II propõe ao presbítero uma espiritualidade apostólica, profética e missionária, não só voltada em primeiro lugar para o culto e a vida interna da Igreja, mas para a missão no mundo e a convivência fraterna com os leigos (cf. PO n. 9)”6 . Lembremo-nos que somos hoje recordados de que a Igreja é missionária por sua natureza e quer responder aos desafios de hoje estando em permanente estado de missão: “A Igreja deve ir ao encontro de todos com a força do Espírito”.7
Em primeiro lugar sinalizo o amor à Palavra de Deus. Quem se sente chamado ao ministério presbiteral deve ser um apaixonado pela Palavra de Deus, pois será o “homem da palavra”. O papa Bento XVI deixa bem claro a necessidade de se apresentar a Palavra de Deus aos jovens vocacionados e seminaristas como sendo fonte de firmeza e sabedoria: “Autênticas vocações para a vida consagrada e para o sacerdócio encontram seu terreno propício no contato fiel com a Palavra de Deus (…) Queridos jovens não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, e dá tudo. Quem se entrega a Ele, recebe o cêntuplo”.8 O papa recorda ainda que o estudo destes livros sagrados deve ser como afirma o concílio Vaticano II, a “alma da teologia”.9 O padre é profeta a serviço de um povo de profetas. Sem conhecer e assimilar a Palavra de Deus, o padre corre o risco de pregar a si mesmo e cair na mediocridade.
É a partir da Palavra de Deus lida, refletida, meditada e rezada, que se fortalece o amor a Jesus Cristo que é a seiva da árvore da vocação sacerdotal. Ele é a suprema revelação de Deus: “Se eu te falei já todas as coisas em minha Palavra, que é meu Filho, e não tenho outra palavra a revelar ou responder que seja mais do que ele, põe os olhos só nele; porque nele disse e revelei tudo, e nele acharás ainda mais do que pedes e desejas”.10
Em segundo lugar sinalizo o amor à Eucaristia. A Eucaristia é fonte e ápice de toda a evangelização, é o centro da Assembléia Eucarística, o centro da comunidade de fiéis presidida pelo presbítero.11 Sem a Eucaristia e a vivência do mistério eucarístico impregnando a sua vida, o presbítero não vai perceber a dimensão comunitária da Igreja, não vai captar a Igreja como mistério de comunhão, poderá ser um diretor de consciências, conselheiro atento à vida íntima das pessoas. Porém, o múnus de pastor não se reduz ao cuidado individual dos fiéis, mas abarca a formação da comunidade cristã. “Não se edifica no entanto, nenhuma comunidade cristã se ela não tiver por raiz e centro a celebração da Santíssima Eucaristia: por ela há de se iniciar por isso toda educação do espírito comunitário”12. O padre é sacerdote a serviço de um povo sacerdotal. Sem o gosto pela liturgia, cujo cume é a celebração Eucarística, haverá sempre o risco de se tornar um “funcionário do culto” e podendo ser fonte de desilusão para o povo de Deus.
Há um contraste entre o fixismo e absolutização de expressões litúrgicas, de um lado e o descuido e ignorância das normas litúrgicas de outro. Recordo aqui o que escreve o Papa Bento XVI sobre a Eucaristia e a evangelização das culturas: “A Eucaristia torna-se critério de valorização de tudo o que o cristão encontra nas diversas expressões culturais”.13 Assim, é necessário que o presbítero tenha cuidado, zelo e atenção às normas liturgias, mas também que tenha abertura para o que nos ensina ainda o papa Bento XVI ao discorrer sobre Bíblia e inculturação: “A aculturação ou inculturação será realmente um reflexo da encarnação do Verbo, quando uma cultura, transformada e regenerada pelo Evangelho produzir na sua própria tradição expressões originais de vida, de celebração, de pensamento cristão”.14
Em terceiro lugar o amor ao Reino de Deus que exige o empenho para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Sem alçar o olhar para o que os Evangelhos indicam como Reino de Deus, corre-se o risco de uma excessiva espiritualização do ministério presbiteral que, não raro, desemboca no fanatismo ou na idolatria de lideranças. O Catecismo da Igreja Católica aponta a Doutrina Social da Igreja como “o desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa humana e sobre sua dimensão social. Ela contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo e oferece normas e orientações para a ação em favor do Reino de Deus”.15
O Papa João Paulo II foi firme na doutrina, mas não menos firme em apontar a necessidade do empenho social da Igreja, na busca de defender os princípios de uma ética evangélica que trabalhe pela promoção integral da vida16 . Sua preocupação com a justiça social nos legou o Compêndio da Doutrina Social da Igreja no qual podemos ler: “Não menos relevante deve ser o esforço por utilizar a doutrina social na formação dos presbíteros e dos candidatos ao sacerdócio os quais, no horizonte da preparação ministerial, devem desenvolver um conhecimento qualificado do ensino e da ação pastoral da Igreja no âmbito social e um vivo interesse pelas questões sociais do próprio tempo”.17 A Congregação para a Educação católica ofereceu indicações e disposições precisas para a correta e adequada programação do estudo da Doutrina Social da Igreja por parte dos seminaristas.18 O padre é rei/pastor a serviço de um povo real de pastores.
Esta tria munera, que são características, mas também tarefas da Igreja, povo de profetas (Palavra), sacerdotes (Eucaristia) e Reis/Pastores (Paixão pela justiça do Reino) devem ser plasmada na vida e na consciência daqueles que estão se preparando para assumir o ministério presbiteral na Igreja. Um processo formativo mal conduzido, pode tender o formando a fixar-se somente em um destes itens. Ou privilegiando um em detrimento do outro o que produzirá padres desequilibrados no exercício de seu ministério: alguns querem se dedicar somente à Palavra conforme a tradição protestante. Outros com atenção somente para a liturgia e sacramentos conforme a tradição da reforma tridentina e outros ainda somente se ocupando da dimensão ética e social da fé caindo muitas vezes na tentação do secularismo.
Quero concluir esta reflexão sobre vocação e formação dos futuros presbíteros recordando as palavras do apóstolo Pedro a Jesus: “Tu sabes tudo Senhor, Tu sabes que eu vos amo” (Jo 21, 15-17). É o amor profundo por Jesus, Palavra encarnada, Palavra que se faz pão na Eucaristia para a vida do mundo, que deve nortear o itinerário de quem deseja tornar-se padre, ou quem já o é. O amor por Jesus deve ser a explicação do caminhar, a síntese da história de cada um. Este amor deve ser para o padre a chave de compreensão de toda sua vida e de seu empenho pastoral. É este amor que dará forças ao padre para exclamar como Ezequiel; “Andarei à procura da ovelha perdida e reconduzirei ao redil a que se extraviou, carregarei aquela ferida e cuidarei da que está doente”(Ez 34, 16).
São oportunas as ponderações do papa Bento XVI sobre a escassez de vocações sacerdotais que transcrevo aqui e desejaria fossem lidas à luz do que refleti acima: “A solução para a escassez não se pode encontrar em meros estratagemas pragmáticos; deve-se evitar que os bispos, levados por compreensíveis preocupações funcionais devido à falta de clero, acabem por não realizar um adequado discernimento vocacional, admitindo à formação específica e à ordenação candidatos que não possuam as características necessárias para o serviço sacerdotal. Um clero insuficientemente formado, e admitido à ordenação sem o necessário discernimento, dificilmente poderá oferecer um testemunho capaz de suscitar noutros o desejo de generosa correspondência à vocação de Cristo. Na realidade, a pastoral vocacional deve empenhar a comunidade cristã em todos os seus âmbitos”.19
Enfim, o desabrochar da vocação sacerdotal e o processo de formação deve ser capaz de introduzir o futuro presbítero na compreensão do dinamismo do amor cristão, o qual consiste em abraçar a causa do amor-serviço como caminho para a liberdade , no seguimento daquele que veio para servir e não para ser servido. É este amor que sustentará o padre quando ele tiver que segurar nas mãos de Jesus e caminhar sozinho com Ele.20
Notas
____
Cf. In Iohannis Evangelium Tractatus 123, 5: PL 35, 1967
CELAM Doc. de Santo Domingo n. 28
DOMINGUEZ, L.M.G., Discernir o chamado, a avaliação vocacional, Paulus, S. Paulo, 2010,p.23
VATICANO II, PO n. 11
Cf., MANETi, A., Vocacione, psicologia e gazia, Dehoniane, Bologna, 1981
CNBB/CNP – Comissão Nacional dos Presbíteros (13º ENP/fev. 2010, documento final): “ENPs, 25 anos, celebrando e fortalecendo a comunhão presbiteral – “Eu me consagro por eles”(Jo 17, 19), Ed. CNBB, 1ª Ed., p. 27
BENTO XVI, Verbum Domini, n. 95. Recorde-se também o apelo à missão feito pelos bispos da América Latina e Caribe reunidos em Aparecida onde ressoou o apelo a ser Igreja de discípulos e missionários.
Cf. Verbum Domini n. 104
Cf. VATICANO II, Dei Verbum n. 24 e BENTO XVI, Verbum Domini n. 31
S. JOÃO DA CRUZ, Subida do Monte Carmelo, Livro II – cap. XXII n. 5
Cf. VATICANO II, Presbyterorum Ordinis n. 5
Idem n. 6
BENTO XVI, Sacraementum Caritais, n. 78.
IDEM, Verbum Domini, 114
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica n. 509; cf. tb., CIC ns. 2419 – 2423
O papa João Paulo II publicou três grandes encíclicas “sociais”; Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis e Centesimus annus. Não deixa de ser tendencioso o gosto em frisar muito a defesa da ortodoxia por parte do papa João Paulo II, esquecendo-se da sua relevância na moral (ortopraxis).
PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ, Compêndio da Doutrina Social da Igreja,Paulinas, S. Paulo, 2005, p. 298.
Cf., Orientações para o estudo e o ensino da Doutrina Social da Igreja na formação sacerdotal, Itipografia Poliglota vaticana, Cidade do Vaticano, 1988. Não podemos esquecer que: “O sacerdote constrói a ponte entre Deus e os homens, mas também as pontes entre os homens”, GRUN A., Ordem, vida sacerdotal, Loyola, S. Paulo, 206, 15.
BENTO XVI, Sacramentum caritatis, n.25; JOÃO PAULO II, pastores Dabo vobis, n. 41
TERESA DE CALCUTÁ, in KOLODIEJCHUK, B., Madre Teresa, venha seja minha luz, Thomas Nelson Ed, Rio, 2008, p.25.
Fonte:CNBB | https://www.cnbb.org.br/vocacao-sacerdotal-chamado-para-exercer-um-servico-de-amor/ Acesso em 02/08/2022
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
Vocação Cristã
“Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova.” (Rm 6,4)
Pelo Batismo, o cristão é chamado a seguir Jesus Cristo, vivenciando seus ensinamentos, unido-se a Deus como filho e aos outros como irmão, formando a família de Deus que é a Igreja. Esta é a vocação cristã fundamental, válida para todos os cristãos indistintamente, sejam padres, religiosos ou leigos.
Batismo
A vocação cristã leva à plenitude o sentido da vida humana em relação a Deus, enquanto comunhão trinitária. O mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo fundamenta a existência humana como chamado ao amor no dom de si e na santidade. Pelo batismo, passamos a pertencer inteiramente a Deus e assumimos uma existência totalmente marcada por seu amor. Todos os cristão, consagrados pelo batismo, são chamados para viverem no mundo à maneira de Jesus Cristo. Nada e nem ninguém poderá cancelar essa vocação.
O cristão é chamado, portanto, a ser profundamente comprometido com a causa de Cristo e sua Igreja. Deus chama, convoca, incita os batizados a viver uma vida engajada na construção do seu Reino.
Vocação Humana
"Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda distinção de pessoas.” (Tg 2,1)
O chamado à vida é a primeira e fundamental vocação que recebemos de Deus. A existência de cada um de nós é fruto do amor criador do Pai e de sua palavra geradora, que é apelo, chamando-nos para a vida e nos oferece todas as condições para vivermos com dignidade. Como dom gratuito de Deus, nossa vida deve também ser sinal de gratuidade e amor com os irmãos.
Vocação humana - Reprodução
O ser humano é chamado, sempre, a desenvolver-se como pessoa em todas as suas dimensões. Com o mundo, consigo mesmo, com os outros e com Deus.
- Consigo mesmo: Por ser inacabado, o ser humano está num contínuo processo de desenvolver-se como pessoa. Ele necessita conhecer melhor suas potencialidades e limites e cultivar hábitos que contribuam para sua saúde física e psicológica. O homem deve crescer na verdade, na sinceridade, na lealdade, na honestidade e na responsabilidade.
- Com os outros: O homem é chamado a ser irmão do outro, a amá-lo e a respeitar seus direitos, ajudando-o a ser mais. Mediante o intercâmbio com os outros, o ser humano desenvolve e corresponde a sua vocação.
- Com o mundo: O homem é chamado a ser senhor do mundo, transformando-o pela sua inteligência. Deus criou o mundo, mas o deixou inacabado, dando ao homem a missão de continuar sua obra criadora. Não é destruindo a natureza, mas protegendo-a, que encontramos nossa felicidade.
- Com Deus: O homem é chamado a ser filho de Deus, a viver em amizade com Deus, relacionando-se com ele pela oração e seguindo a sua vontade. Ninguém consegue ser plenamente feliz sem a amizade com Deus. Na medida em que o homem vive em bom relacionamento com Deus ele vai realizando o Reino de Deus entre os homens.
Vocação Leiga
"Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como certo; tu sabes de quem o aprendeste. Desde a tua infância conheces as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de comunicar-te a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus". (2Tm 3,14-15)
O leigo, com suas experiências de participação nos problemas, desafios e urgências do mundo, está sempre trazendo para a Igreja os anseios e as esperanças da humanidade de seu tempo e, ao mesmo tempo, enriquecendo o mundo com as sabedorias da Boa-Nova de Cristo que traz em si.
O leigo não desempenha uma atividade específica, ele pode atuar no mundo da política, da educação, dos meios de comunicação, da economia, da cultura, das ciências, das artes, da realidade internacional, entre outros. Sua tarefa é transformar tudo isso conforme o projeto de Jesus Cristo, auxiliando na construção do Reino de Deus e criando fraternidade.
Além de ser esta presença ativa no mundo, o Espírito Santo distribui entre os leigos dons e carismas para servirem mais diretamente a comunidade eclesial, através dos ministérios. Ex: catequese, liturgia, ministério da Eucaristia, da palavra, do canto, da saúde, da promoção social, entre outros.
Vocação Religiosa
"Todo aquele que tenha deixado casa ou irmãos ou irmãs ou pai ou mãe ou filhos, ou terras, por causa do meu nome,receberá muito mais e herdará a vida eterna." (Mt 19,29)
Religiosos são cristãos que dedicam sua vida plenamente a Deus e aos irmãos. Eles encontram em Deus sua segurança, sua alegria, sua realização total. Procuram seguir os preceitos de Cristo para serem, diante do mundo e dos demais cristãos, um exemplo vivo do Evangelho, do projeto do Reino de Deus que Jesus deixou. Os religiosos se dedica a viver o Evangelho com radicalidade, isto é, de forma intensa e generosa.
O grande amor que os religiosos têm a Deus se reverte num grande amor ao próximo, especialmente aos mais pequeninos, com os quais Jesus se identificou. Se dedicam a cuidar das crianças pobres, dos jovens, dos doentes, dos idosos, dos desamparados, entre outras minorias.
Vocação Sacerdotal
“Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus,para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados”. (Hb 5,1)
É Jesus quem escolhe o padre e o envia em missão. Em nome de Jesus, o padre se coloca a serviço da comunidade cristã. Ele age em nome de Cristo, acolhe, perdoa, une a comunidade e a motiva a viver a fé.
Toda a vida do padre é serviço, é doação, entrega, é gratuidade. O padre não vive para si, mas em função da comunidade, do evangelho, de Cristo e do povo. A missão do padre é conduzir as pessoas ao encontro com Jesus. É ajudar as pessoas a libertarem-se do pecado e recolocá-las nos caminhos do bem.
Os padres são, ao mesmo tempo, preocupados com a humanidade e com as injustiças, e entusiasmados por Jesus Cristo. Os sacerdotes se dedicam a difundir o evangelho e a colocar os ensinamentos de Jesus em prática.
É difícil ser padre hoje, diante de uma sociedade materialista na qual o dinheiro, o poder, a fama e o prestígio são elementos que têm muita força de sedução, mas que se contrapõem aos valores cristãos. O convite de Jesus é este: “Quem quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. Quem quiser seguir Jesus como padre tem que libertar-se de si mesmo e abraçar essa missão.
O padre é chamado a libertar-se de tudo que o prende, que o amarra ou o escraviza para, na liberdade, colocar-se a serviço do evangelho e do povo de Deus.
A vocação religiosa também pode ser seguida por mulheres. São aquelas moças que sentem o chamado de Deus para deixar tudo e colocar-se inteiramente a serviço dos irmãos mais necessitados. Geralmente optam por aquela família religiosa que mais se identifica com seus anseios e propósitos de vida e, a partir do discernimento vocacional, recebem uma preparação adequada para posteriormente consagrarem a vida a Deus como religiosas. São as irmãs ou freiras.
Os religiosos fazem votos de pobreza, obediência e castidade. Por quê? Para seguirem a Jesus mais de perto nesses três aspectos.
Vocação Matrimonial
“Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti”. (Gn 12, 3)
O matrimônio é o sacramento do amor entre um homem e uma mulher. Instituído pelo próprio Cristo, o matrimônio é uma íntima comunidade de vida e de amor. O amor conjugal é um caminho para Deus e ajuda os esposos na sublime missão da maternidade e paternidade. O sentido do matrimônio é viver a caridade cristã na sua forma conjugal e viver a responsabilidade humana e cristã de transmitir a vida e educar os filhos.
A família cristã é como uma Igreja em miniatura: está a serviço da evangelização dos homens. A vida matrimonial deve ser marcada pelo amor verdadeiro, como entrega livre e saudável de um para o outro. A verdadeira união acontece quando há maturidade, responsabilidade e liberdade.
Fonte: A12
quarta-feira, 16 de março de 2022
Jejum e abstinência de carne
O mundo moderno detesta a penitência e a mortificação, apregoando a necessidade de gozar-se a vida. Mas Cristo começou sua pregação com um convite à penitência: “Fazei penitência” (Mt. 3,2) e com uma advertência que é uma verdadeira ameaça: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc. 13,5).
Aliás, o estado em que nos deixou o pecado original exige de nós a mortificação, para conter as paixões e submeter-nos à vontade de Deus.
Obrigando-nos ao jejum e à abstinência, a Igreja não nos cria nenhuma obrigação nova, mas obriga ao cumprimento de um dever que está na doutrina de Cristo e nas nossas próprias necessidades, regulamentando-o apenas.
quinta-feira, 3 de março de 2022
O Tempo Litúrgico da Quaresma
O período da Quaresma corresponde aos quarenta dias anteriores à Semana Santa.
Começa na Quarta-feira de Cinzas e vai até a *Missa dos Santos Óleos na quinta-feira Santa.
A partir da missa vespertina, in Cena Domini, inicia-se o Tríduo Pascal, que abrange a Sexta-feira Santa “da Paixão do Senhor” e o Sábado Santo, e tem o seu centro na Vigília Pascal, concluindo-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição". Cf. Paschalis Solemnitatis
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
A Igreja (CIC 781- 810)
A IGREJA – POVO DE DEUS, CORPO DE CRISTO, TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO
I. A Igreja – Povo de Deus
781. «Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e pratica a justiça. No entanto, aprouve a Deus salvar e santificar os homens não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse na santidade. Foi por isso que escolheu Israel para ser o seu povo, estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o progressivamente manifestando-se a Si mesmo e os desígnios da Sua vontade na história desse povo, e santificando-o para Si. Mas tudo isso aconteceu como preparação da Aliança nova e perfeita, que seria concluída em Cristo [...]. Esta nova Aliança instituiu-a Cristo no seu Sangue, chamando um povo, proveniente de judeus e pagãos, a juntar-se na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito» (208).
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
O Sacerdócio Comum e o Sacerdócio Ministerial
Introdução
O cristão recebe do batismo uma condição sacramental que o torna membro da Igreja, povo sacerdotal. O Sacerdócio a que todo cristão é inserido pelo batismo nós o chamamos de sacerdócio batismal ou comum, que o faz participar do sacerdócio único de Cristo. Sua participação no sacerdócio de Cristo é exercida de modo preeminente através dos sacramentos e em especial da Eucaristia. A Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja afirma que pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, os batizados consagram-se para serem edifício espiritual e sacerdócio santo, a fim de, por meio de toda a sua atividade cristã, oferecerem sacrifícios espirituais e proclamarem as grandezas daquele que das trevas os chamou para a sua luz maravilhosa (LG 10ª).
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
A COMUNHÃO DOS SANTOS: Catecismo da Igreja Católica
A COMUNHÃO DOS SANTOS
946. Depois de ter confessado «a santa Igreja Católica», o Símbolo dos Apóstolos acrescenta «a comunhão dos santos». Este artigo é, em certo sentido, uma explicitação do anterior: pois «que é a Igreja senão a assembleia de todos os santos?» (505). A comunhão dos santos é precisamente a Igreja.
947. «Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem duns é comunicado aos outros [...]. E assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. [...] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça [...]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja» (506). «Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum» (507).
948. A expressão «comunhão dos santos» tem, portanto, dois significados estreitamente ligados: «comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre as pessoas santas,sancti».
«Sancta sanctis! (O que é santo, para aqueles que são santos)». Assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais, no momento da elevação dossantos Dons antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo.
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
A revelação em sí mesma (Constituição Dogmática Dei Verbum)
2. Aprouve a Deus. na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Esta «economia» da revelação realiza-se por meio de acções e palavras ìntimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido. Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultâneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação (2).
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Constituição Dogmática Dei Verbum
Setembro é o mês dedicado a reflexão da Palavra de Deus. Por isso trazemos na integra a Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina. Prolungada pelo Papa Paulo VI em 18 de novembro em 1965.
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Maria elevada ao Céu | Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. Papa Pio XII.
Olá povo de Deus!
No 15 de agosto a Igreja celebra a Assunção de Nossa Senhora ao Céu. Dogma de fé doutrinal Católico que comemora a elevação de Maria a Mãe de Jesus em corpo e alma, após sua morte. Assim ficou definido: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial.” (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus - Papa XII. 01.11.1950).
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Amoris laetitia | Papa Francisco
Amoris laetitia (a "Alegria do Amor") é uma exortação apostólica do Papa Francisco, publicada em 08 de abril de 2016. Possui nove capítulos e tem como base os resultados de dois Sínodos dos Bispos sobre a Família ocorridos em 2014 e 2015.
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Quem são os irmãos de Jesus? (Mateus 13,54-58)
Olá povo de Deus!
O Evangelho segundo Mateus 13,54-58 nos trás um questionamento dos Judeus acerca de Jesus, ao questionar a presença d'Ele em Nazaré: "Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas?".
O Magistério da Igreja é enfático em dizer que Maria Santíssima não teve outros filhos além de Jesus. Na Sagrada Escritura, no texto já citado, nos apresenta o enumerado de quatro irmãos e outras irmãs, além de outros textos que apresentam tal realidade. (cf. Mateus 12:46,47; 13:55,56; Marcos 3:31,32; 6:3; Lucas 8:19,20; João 2:12; 7:3,5,10; Atos 1:14; 1 Coríntios 9:5).
A doutrina Católica ensina que Maria foi sempre virgem (Dogma da Virgindade Perpétua), antes, durante e depois do parto. Maria Santíssima Jesus concebeu Jesus pelo Poder do Espírito Santo. (Cf. Lucas, 1,35).
Nos ensina Santo Inácio de Antioquia (Século II): «Vós estais firmemente convencidos, a respeito de nosso Senhor, que Ele é verdadeiramente da raça de David segundo a carne. Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus; verdadeiramente nascido duma virgem [...], foi verdadeiramente crucificado por nós, na sua carne, sob Pôncio Pilatos [...] e verdadeiramente sofreu, como também verdadeiramente ressuscitou».
Mas de fato, quem são os irmãos de Jesus?
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos números 499 a 501 sobre a "Virgindade Perpétua" explica:
MARIA – «SEMPRE VIRGEM»
499. O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo «não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal» da sua Mãe.
A Liturgia da Igreja celebra Maria “Aeiparthenos” como a «sempre Virgem»(165)
500. A isso objeta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus . A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, «irmãos de Jesus» (Mt 13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo, designada significativamente como «a outra Maria» (Mt 28, 1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento.
501. Jesus é o filho único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria, estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: «Ela deu à luz um Filho que Deus estabeleceu como "primogénito de muitos irmãos" (Rm 8, 29), isto é, dos fiéis para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe».
Simão e Judas (não Iscariotes) são citados são citados entre os Apóstolos de Jesus: "eram: Simão (a quem deu o nome de Pedro). Tiago, o filho de Zebedeu, e João, seu irmão (aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer ‘filhos do trovão’); e ainda André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu (Judas irmão Tiago), Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu." (cf.; Mt 10,2-4; Mc. 3, 16-19; Lc 6,13-16; ).
Os "irmãos de Jesus" eram filhos de Maria de Cleófas e/ou Alfeu (designam em grego e hebraico a mesma pessoa), como nos relata o episódio da Cruz. (cf. Mt. 27,55-56) Maria Cleófas (discípula de Cristo) era mãe de Tiago (O menor) e de José, Simão (Cananeu) e Judas (Tadeu) . Essa era irmã de Maria Santíssima Mãe de Jesus. Na língua hebraica a palavra "irmãos" tem uma conotação de parentesco próximo, os "brothers" de Jesus na verdade são seu primos, filhos de sua tia Maria.
Os ensinamentos da Igreja são verdadeiros e dignos de fé. Maria Santíssima foi sempre Virgem, não por méritos próprios, mas para realização da vontade do Senhor em sua vida.
"O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome". (Lucas 1, 49).
Louvado Seja Nossa Senhor Jesus Cristo!
Pesquisa nos sites:
1. https://www.xn--apologtico-g7a.com.br/products/quem-s%C3%A3o-os-irm%C3%A3os-de-jesus-/
2. https://estiloadoracao.com/irmaos-de-jesus/
3. https://afeexplicada.wordpress.com/2013/02/12/os-irmaos-de-jesus-2/
4. https://bibliaecatequese.com/os-irmaos-de-jesus/
5. https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html
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