segunda-feira, 1 de julho de 2024
No dia 20 de outubro canonização de novos Santos da Igreja Católica
quinta-feira, 27 de junho de 2024
O Primado de Pedro e a Doutrina Católica sobre o Papa
quinta-feira, 30 de março de 2023
O Vaticano repudia a doutrina colonial da descoberta
CIDADE DO VATICANO (AP) - O Vaticano respondeu na quinta-feira às demandas indígenas repudiando oficialmente a doutrina da descoberta, as teorias apoiadas por bulas papais do século 15 que legitimaram a grilagem de terras indígenas da era colonial e foram a base para algumas leis de propriedade atuais.
As bulas ou decretos papais do século 15 "não refletiam adequadamente a igual dignidade e os direitos dos povos indígenas" e nunca foram considerados expressões da fé católica, disse um comunicado do Vaticano.
quarta-feira, 29 de março de 2023
Diocese de Salgueiro (PE) tem novo Bispo
O Papa Francisco nomeou o Padre José Vicente Pinto de Alencar Silva, como novo Bipo da Diocese de Salgueiro no Estado de Pernambuco. A citada diocese estava vacante desde da nomeação do então Bispo Dom Magnus Henrique Lopes foi transferido para diocese de Crato(CE), em janeiro de 2022.
sexta-feira, 17 de março de 2023
III Pregação da Quaresma 2023 “Deus é amor!”
O pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap, propôs à Cúria Romana, nesta sexta-feira, 17 de março, a terceira pregação da Quaresma intitulada "Deus é amor". O Papa Francisco participou deste momento.
Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“DEUS É AMOR!”
Terceira Pregação, Quaresma de 2023
Há necessidade da teologia!
Para a minha e a sua consolação, Santo Padre, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs, esta meditação será centrada toda e apenas sobre Deus. A teologia, isto é, o discurso sobre Deus, não pode permanecer estranha à realidade do Sínodo, como não pode permanecer estranha a qualquer outro momento da vida da Igreja. Sem a teologia, a fé se tornaria facilmente morta repetição; careceria do instrumento principal para a sua inculturação.
quinta-feira, 16 de março de 2023
Sínodo: instituída a Comissão preparatória da Assembleia Geral
Comissão é presidida pelo Cardeal Grech, que nomeou nesta quarta-feira os membros; participará também o relator geral, Cardeal Hollerich
Da Redação, com Vatican News
Papa Francisco na abertura do Sínodo dos Bispos, na Cidade do Vaticano / Foto: Vatican Media – Handout via Reuters
Sete, incluindo uma religiosa, são os membros da Comissão preparatória para a realização da Assembleia Geral ordinária do Sínodo. O órgão, criado de acordo com o Art. 10, par. l-2 da Constituição Apostólica Episcopalis Communio, foi instituído nesta quarta-feira, 15, e será presidido pelo Cardeal Mario Grech, secretário-geral.
Os membros da comissão são: o padre jesuíta Giacomo Costa, coordenador; Dom Timothy John Costelloe; Dom Daniel E. Flores; Irmã Shizue Hirota; Dom Lucio A. Muandula; professor Dario Vitali.
O secretário é monsenhor Tomasz Trafny. O relator geral do Sínodo, Cardeal Jean-Claude Hollerich, também participará dos trabalhos da Comissão.
Ao mesmo tempo em que cria a Comissão preparatória, a Secretaria do Sínodo propôs para quarta-feira, 31 de maio, memória litúrgica da Visitação de Nossa Senhora na conclusão do Mês Mariano, que se realize uma oração mariana mundial em preparação ao 16º Sínodo dos Bispos.
O objetivo, lê-se numa nota, é “conscientizar o Povo de Deus sobre a importância do processo em andamento e exortar os fiéis a acompanhá-lo com a oração” e colocar “sob a específica proteção de Nossa Senhora todo o Processo sinodal na Igreja, especialmente os trabalhos da Assembleia geral”.
Um momento de intensa oração
O convite, dirigido em nome do cardeal Grech aos chefes das Igrejas Católicas Orientais e aos presidentes das Conferências Episcopais, é para realizar “um momento de intensa oração que expresse a beleza da religiosidade popular em torno dos santuários marianos”, que serão escolhidos a critério pelas Conferências Episcopais de cada país.
A oração deve incluir a participação das diferentes vocações eclesiais (leiga, sacerdotal, consagrada). As comunidades paroquiais individuais, de acordo com seu bispo diocesano, também são convidadas a realizar um momento de oração nesse dia pelos trabalhos do Sínodo.
sábado, 11 de março de 2023
II Pregação da Quaresma 2023 O Evangelho é poder de Deus para todo aquele que crê” (Rm 1,16)
Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“O EVANGELHO É PODER DE DEUS PARA TODO AQUELE QUE CRÊ”(Rm 1,16)
Segunda Pregação, Quaresma de 2023
Da Evangelii Nuntiandi de São Paulo VI à Evangelii gaudium do atual Sumo Pontífice, o tema da evangelização tem estado no centro das atenções do Magistério papal. A isso, têm contribuído as grandes encíclicas de São João Paulo II, como também a instituição do Pontifício Conselho para a Evangelização, promovido por Bento XVI. A mesma preocupação se nota no título dado à constituição para a reforma da Cúria Praedicate Evangelium e na denominação “Dicastério para a Evangelização”, dada à antiga Congregação de Propaganda Fide. A mesma finalidade é designada agora principalmente ao Sínodo da Igreja. A ela, isto é, à evangelização, gostaria de dedicar a presente meditação.
A definição mais sucinta e mais impregnante da evangelização é a que se lê na Primeira Carta de Pedro. Nela, os apóstolos são definidos: “aqueles que vos evangelizaram em virtude do Espírito Santo” (1Pd 1,12). Aí está expresso o essencial sobre a evangelização, isto é, o seu conteúdo – o Evangelho – e o seu método – no Espírito Santo.
Para saber o que se entende com a palavra “Evangelho”, a via mais segura é perguntar a quem usou por primeiro esta palavra grega e a tornou canônica na linguagem cristã, o apóstolo Paulo. Temos a felicidade de possuir uma exposição, de seu próprio punho, que explica o que ele entende por “Evangelho”, e é a Carta aos Romanos. O tema dela é anunciado com as palavras: “Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1,16)
Para o sucesso de todo novo esforço de evangelização, é vital ter claro o núcleo essencial do anúncio cristão, e isto ninguém trouxe à luz melhor do que o apóstolo nos primeiros três capítulos da Carta aos Romanos. Do entender e aplicar à situação atual a sua mensagem depende, estou convencido, se dos nossos esforços nascerem filhos de Deus, ou se se terá que repetir amargamente com Isaías: “Engravidamos e tivemos dores de parto, mas demos à luz o vento; não trouxemos melhoras à terra, e não nasceram novos habitantes para o mundo” (Is 26,18).
A mensagem do Apóstolo naqueles três primeiros capítulos da sua Carta pode ser resumida em dois pontos: primeiro, qual é a situação da humanidade diante de Deus em seguida ao pecado; segundo, como se sai dela, isto é, como nos salvamos pela fé e nos tornamos nova criatura. Sigamos o Apóstolo em seu estreito raciocínio. Melhor, sigamos o Espírito que fala por meio dele. Quem já fez viagens de avião, terá escutado algumas vezes o aviso: “Afivelem os cintos, estamos passando por uma área de turbulência”. Seria preciso fazer ressoar o mesmo aviso a quem se presta a ler as seguintes palavras de Paulo.
Revela-se do céu a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça dos homens que na injustiça impedem a verdade, pois o que de Deus se pode conhecer é entre eles manifesto, já que Deus o manifestou a eles. De fato, os atributos invisíveis de Deus, seu poder eterno e sua divindade, são compreendidos através das coisas feitas, desde a criação do mundo, a fim de que eles não tenham desculpa. Por isso, mesmo tendo conhecido a Deus, nem o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível pela aparência da imagem de um ser humano corruptível e de pássaros, quadrúpedes e répteis (Rm 1,18-23).
O pecado fundamental, o objeto primário da ira divina, é identificado, como se vê, na asebeia, isto é, na impiedade. Em que consiste, exatamente, tal impiedade, o Apóstolo explica imediatamente, afirmando que ela consiste na rejeição em “glorificar” e “agradecer” a Deus. Estranho! Este fato de não glorificar e agradecer a Deus o suficiente parece-nos, sim, um pecado, mas não tão terrível e mortal. É preciso entender o que se esconde por detrás disso: a rejeição em reconhecer Deus como Deus, o não lhe tributar a consideração que lhe é devida. Consiste, poderíamos dizer, em “ignorar” Deus, onde ignorar não significa tanto “não saber que existe”, mas “fazer como se não existisse”.
No Antigo Testamento, ouvimos Moisés que grita ao povo: “Reconhecei que Deus é Deus!” (cf. Dt 7,9) e um salmista retoma tal grito, dizendo: “Reconhecei que o Senhor é Deus; Ele nos fez, nós somos dele” (Sl 100,3). Reduzido ao seu núcleo germinativo, o pecado é negar este “reconhecimento”; é a tentativa, da parte da criatura, de cancelar, de iniciativa própria, quase por prepotência, a diferença infinita que há entre ela e Deus. O pecado ataca, de tal maneira, a própria raiz das coisas; é um “impedir a verdade na injustiça”. É algo de muito mais sombrio e terrível do que o homem possa imaginar ou dizer. Se os homens soubessem, enquanto vivos, como o saberão no momento da morte, o que significa a rejeição de Deus, morreriam de susto.
Tal rejeição tomou corpo, ouvimos, na idolatria, pela qual se adora a criatura no lugar do Criador. Na idolatria, o homem não “aceita” Deus, mas faz para si um deus; é ele a decidir por Deus, não vice-versa. Os papéis são invertidos: o homem se torna o oleiro e Deus o vaso que ele modela a seu bel-prazer (cf. Rm 9,20ss.). Hoje, esta antiga tentativa assumiu uma nova veste. Ela não consiste em pôr algo – nem mesmo a si mesmo – no lugar de Deus, mas em abolir, pura e simplesmente, o papel indicado pela palavra “Deus”. Niilismo! O Nada no lugar de Deus. Mas não é o caso de nos determos sobre isso neste momento; interromperia a escuta do Apóstolo, que, por sua vez, continua o seu firme raciocínio.
Paulo prossegue a sua acusação mostrando os frutos que brotam, no plano moral, da rejeição de Deus. Daí deriva uma dissolução geral dos costumes, uma verdadeira e própria “torrente de perdição” que arrasta a humanidade em ruína. E aqui, o Apóstolo traça um quadro impressionante dos vícios da sociedade pagã. A coisa mais importante a se considerar, em base a esta parte da mensagem paulina, não é, contudo, esta lista de vícios, presente, além do mais, também junto aos moralistas estoicos do tempo. A coisa mais desconcertante, à primeira vista, é que São Paulo faz de tudo isso desordem moral, não a causa, mas o efeito da ira divina. Por três vezes retorna a fórmula que afirma isso de modo inequívoco:
Por isso, os entregou à impureza (...). Por causa disso, Deus os entregou a paixões vergonhosas (...). E, porque não quiseram alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar (Rm 1,24.26.28).
Deus, certamente, não “quer” tais coisas, mas ele as “permite” para fazer o homem compreender aonde leva a rejeição a Ele. “Estas ações – escreve Santo Agostinho – embora sejam castigo, são elas também pecados, pois a pena da iniquidade é ser, ela própria, iniquidade; Deus intervém para punir o mal e, da sua mesma punição, abundam outros pecados[1].
Não há distinções diante de Deus entre judeus e gregos, entre fiéis e pagãos: “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3,23). O Apóstolo faz tanta questão de nos esclarecer este ponto, que a ele dedica todo o capítulo segundo e parte do terceiro da sua Carta. É a humanidade inteira que se encontra nesta situação de perdição, não este ou aquele indivíduo ou povo.
Onde está, em tudo isso, a atualidade da mensagem do Apóstolo da qual eu falava? Está no remédio que o Evangelho propõe a esta situação. Ele não consiste em se empenhar em uma luta pela reforma moral da sociedade, para a correção dos seus vícios. Seria, para ele, como querer desenraizar uma árvore começando por lhe tirar as folhas ou os ramos mais expostos, ou então preocupar-se em eliminar a febre, ao invés de tratar a doença que a provoca.
Traduzido em linguagem atual, isto significa que a evangelização não começa com a moral, mas com o querigma; na linguagem do Novo Testamento, não com a Lei, mas com o Evangelho. E qual é o conteúdo, ou o núcleo central disso? O que Paulo quer dizer por “Evangelho” quando diz que ele “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”? Crer no quê? “Manifestou-se a justiça de Deus!” (Rm 3,21): eis a novidade. Não são os homens que, improvisamente, mudaram vida e costumes e se puseram a fazer o bem. O fato novo é que, na plenitude dos tempos, Deus agiu, rompeu o silêncio, estendeu a sua mão por primeiro ao homem pecador.
Mas ouçamos agora diretamente o Apóstolo, que nos explica em que consiste este “agir” de Deus. São palavras que temos lido ou escutado centenas de vezes, mas ama-se escutar sempre de nova as árias de uma bela sinfonia:
Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Esses são justificados gratuitamente pela graça de Deus, por meio da redenção em Cristo Jesus. É ele que Deus expôs como instrumento de expiação com o seu sangue, mediante a fé, para demonstrar sua justiça, deixando sem castigo os pecados outrora cometidos sob a tolerância de Deus; e para demonstrar sua justiça no tempo presente, a fim de ser justo e tornar justo aquele que tem fé em Jesus (Rm 3,23-26).
Gostaria logo de tranquilizar a todos: não tenho o intuito de fazer uma enésima pregação sobre a justificação mediante a fé. Há um perigo em insistir unicamente sobre este tema. Não é uma doutrina que Paulo nos apresenta, mas um evento, antes, uma pessoa. Nós não somos salvos genericamente “pela graça”: somos salvos pela graça de Cristo Jesus; não somos justificados genericamente “por meio da fé”: somos justificados por meio da fé em Cristo Jesus. Tudo mudou “por meio da redenção em Cristo Jesus”. O verdadeiro artigo com que está em pé ou cai a Igreja (o famoso Articulum stantis edt cadentis Ecclesiae) não é uma doutrina, mas uma pessoa.
Fico sem palavras cada vez que releio esta parte da Carta aos Romanos. Após ter descrito, com os tons que ouvimos, a situação desesperada da humanidade, o Apóstolo tem a coragem de dizer que ela mudou radicalmente por causa do que aconteceu poucos anos antes, em uma obscura parte do império romano, por obra de um só homem, ainda por cima, morto em uma cruz! Apenas uma “ponta” do Espírito Santo, um seu fulgor, podia dar a um homem a ousadia de crer e proclamar esta coisa inaudita. Ainda mais que este mesmo homem outrora se tornava “furioso” se alguém ousasse proclamar em sua presença uma coisa do gênero. O diácono Estêvão pagou tal preço...
Em nós, o choque é atenuado por vinte séculos de confirmações, mas pensemos sobre como deviam soar as palavras do Apóstolo a pessoas cultas do tempo. Ele mesmo se dava conta; por isso, sentiu a necessidade de dizer: “Eu não me envergonho do evangelho” (Rm 1,16). Poder-se-ia, de fato, envergonhar-se dele. Não consigo entender como historiadores honestos possam crer (como aconteceu por tanto tempo) que Paulo tenha tirado esta sua certeza dos cultos helenísticos, ou não sei de qual outra fonte. Quem teria imaginado, ou poderia humanamente imaginar, algo do gênero?
Mas voltemos ao nosso intuito específico, que é a evangelização. O que aprendemos da palavra de Deus que acabamos de ouvir? Aos pagãos, Paulo não diz que o remédio à sua idolatria está em voltar a interrogar o universo para das criaturas reportar-se a Deus; aos judeus, não diz que o remédio está em voltar a observar melhor a Lei de Moisés. O remédio não está no alto ou atrás; está adiante, está em acolher “a redenção em Cristo Jesus”.
Paulo, para dizer a verdade, não diz algo totalmente novo. Se fosse ele o autor desta mensagem inaudita, teriam razão aqueles que dizem que o verdadeiro fundador do cristianismo é Saulo de Tarso, não Jesus de Nazaré. Mas estão errados! Paulo não faz outra coisa senão retomar, adaptando-o à situação do momento, o anúncio inaugural da pregação de Jesus: “Cumpriu-se o tempo, e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Em sua boca, “convertei-vos” não queria dizer, como nos antigos profetas e em João Batista: “Voltai atrás, observai a Lei e os mandamentos”; significa mais: “Dai um passo à frente; entrai no Reino que gratuitamente veio em vosso meio! Crede no Evangelho!”. Converter-se é crer. “A primeira conversão consiste em crer”, escreveu Santo Tomás de Aquino: Prima conversio fit per fidem[2].
Nem o discurso de Jesus, nem o de Paulo se detêm, naturalmente, neste ponto. Em sua pregação, Jesus exporá o que comporta acolher o Reino e Paulo dedicará toda a segunda parte da sua Carta a elencar as obras, ou as virtudes, que devem caracterizar quem se tornou criatura nova. Ao querigma, faz seguir a parênese, ao anúncio, a exortação. O importante é a ordem a ser seguida na vida e no anúncio, de onde começar, pois, já dizia São Gregório Magno “não se chega à fé partindo das virtudes, mas às virtudes partindo da fé”[3]. Toda iniciativa de evangelização que quisesse começar com reformar os costumes da sociedade, antes de buscar mudar o coração das pessoas, é fadada a cair no nada, ou, pior, na política.
Mas não é o caso de insistir nem mesmo sobre isso, neste momento. Devemos, antes, colher o ensinamento positivo do Apóstolo. O que diz a palavra de Deus a uma Igreja que – mesmo ferida em si mesma e comprometida aos olhos do mundo – tem um suspiro de esperança e quer retomar, com novo impulso, a sua missão evangelizadora? Diz que é preciso recomeçar a partir da pessoa de Cristo, falar dele “oportuna e inoportunamente”; jamais dar por certo, ou pressuposto, o discurso sobre ele. Jesus não deve estar no pano de fundo, mas no coração de todo anúncio.
O mundo secular faz de tudo (e infelizmente consegue!) para manter o nome de Jesus longe, ou silenciado, em todo discurso sobre a Igreja. Nós devemos fazer de tudo para mantê-lo sempre presente. Não para nos refugiarmos por detrás dele, mas porque é ele a força e a vida da Igreja. No início da Evangelii gaudium, lemos estas palavras:
Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito.
Que eu saiba, esta é a primeira vez que, em um documento oficial do Magistério, aparece a expressão “encontro pessoal com Cristo”. Apesar da sua aparente simplicidade, esta expressão contém uma novidade que devemos procurar entender.
Na pastoral e na espiritualidade católica, eram familiares, no passado, outros modos de conceber a nossa relação com Cristo. Falava-se de uma relação doutrinal, que consistia em crer em Cristo; de uma relação sacramental, que se realiza nos sacramentos; de uma relação eclesial, enquanto membros do corpo de Cristo, que é a Igreja; falava-se também de uma relação mística ou esponsal, reservada a algumas almas privilegiadas. Não se falava – ou ao menos não era comum falar – de uma relação pessoal – como entre um eu e um tu –, aberta a todo crente.
Durante os cinco séculos que temos às costas – que impropriamente são chamados “da Contrarreforma” –, a espiritualidade e a pastoral católica têm olhado com suspeita para este modo de conceber a salvação. Via-se aí o perigo (de resto, totalmente o contrário de remoto e hipotético) do subjetivismo, isto é, de conceber a fé e a salvação como um fato individual, sem uma verdadeira relação com a Tradição e com a fé do resto da Igreja. O multiplicar-se das correntes e das denominações no mundo Protestante não fazia outra coisa senão reforçar esta convicção.
Entramos agora, graças a Deus, em uma nova fase, na qual nos esforçamos em ver as diferenças, não necessariamente como incompatíveis entre si e, portanto, a serem combatidas, mas, até onde é possível, como riquezas a serem compartilhadas. Neste novo clima, entende-se a exortação para haver uma “relação pessoal com Cristo”. Este modo de conceber a fé nos parece, antes, o único possível desde quando a fé não é mais um fato pressuposto que se absorve quando crianças com a educação familiar e escolástica, mas é fruto de uma decisão pessoal. O sucesso de uma missão não pode ser medido pelo número das confissões ouvidas e das comunhões distribuídas, mas de quantas pessoas passaram de ser cristãos de nome a cristãos reais, isto é, convictos e ativos na comunidade.
Procuremos entender em que consiste, concretamente, este famoso “encontro pessoal” com Cristo. Eu digo que é como encontrar uma pessoa ao vivo, depois de tê-la conhecido por anos apenas por fotografia. Pode-se conhecer livros sobre Jesus, doutrinas, heresias sobre Jesus, conceitos sobre Jesus, mas não o conhecer vivo e presente (insisto sobretudo sobre estes dois adjetivos: um Jesus ressuscitado e vivo e um Jesus presente!). Para muitos, mesmo batizados e crentes, Jesus é um personagem do passado, não uma pessoa viva no presente.
Ajuda-nos a entender a diferença aquilo que acontece no âmbito humano, quando se passa do conhecer uma pessoa ao enamorar-se dela. Alguém pode conhecer tudo sobre uma mulher ou um homem: como se chama, quantos anos tem, que estudos fez, a qual família pertence... Depois, um dia acende uma fagulha e se enamora daquela mulher ou daquele homem. Tudo muda. Quer estar com aquela pessoa, agradá-la, tê-la para si, tem medo de desagradá-la e de não ser digno dela.
Como fazer para que se acenda em muitos aquela fagulha em relação à pessoa de Jesus? Ela não se acenderá em quem escuta a mensagem do Evangelho, se não se acendeu antes – ao menos como desejo, como busca e como propósito – em quem o proclama. Houve e há exceções; a palavra de Deus tem uma força própria e pode agir, às vezes, mesmo se pronunciada por quem não a vive; mas é exceção.
Para consolação e encorajamento de quantos trabalham institucionalmente no campo da evangelização, gostaria de lhes dizer que nem tudo depende deles. Deles, depende criar as condições para que se acenda aquela fagulha e se difunda. Mas ela acende nas maneiras e nos momentos mais impensáveis. Na maioria dos casos que conheci em minha vida, a descoberta de Cristo que mudou a vida tinha sido ocasionada a partir do encontro com alguém que já tinha experimentado aquela graça, da participação de um encontro, da escuta de um testemunho, de ter experimentado a presença de Deus em um momento de grande sofrimento, e – não posso omiti-lo, pois assim aconteceu também para mim – de ter recebido o chamado batismo do Espírito.
Aqui se vê a necessidade de designar sempre mais os leigos, homens e mulheres, para a evangelização. Eles estão mais inseridos nas tramas da vida em que normalmente se realizam aquelas circunstâncias. Também pela escassez de número, a nós, do clero, torna-se mais fácil sermos pastores do que pescadores de almas: mais fácil apascentar com as palavras e os sacramentos aqueles que vêm à Igreja, do que partir ao alto-mar a pescar os distantes. Os leigos podem nos suprir na tarefa de pescadores. Muitos deles descobriram o que significa conhecer Jesus vivo e estão ansiosos para compartilhar com outros a sua descoberta.
Os movimentos eclesiais, surgidos após o Concílio, foram para muitos o lugar em que fizeram tal descoberta. Em sua homilia na Missa Crismal da Quinta-feira Santa de 2012, a última do seu pontificado, Bento XVI afirmou: “Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo”. Junto com os bons frutos, alguns desses movimentos produziram também frutos podres. É preciso recordar-se da expressão: “Não jogue o bebê fora junto com a água do banho”.
Termino com as palavras conclusivas do Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, porque elas nos sugerem de onde começar para realizar, ou renovar, a nossa “relação pessoal com Cristo” e nos tornarmos seus corajosos anunciadores:
É este um dom místico e secretíssimo – escreve – que ninguém conhece, senão quem o recebe. Nem o recebe, senão quem o deseja. Nem o deseja, senão quem está inflamado profundamente pelo fogo do Espírito Santo que Jesus Cristo enviou à terra[4].
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Tradução de Fr. Ricardo Farias, ofmcap
[1] Cf. Agostinho, De natura et gratia, 22,24.
[2] Cf. Tomás de Aquino, S.Th. I-IIae, q.113, a. 4.
[3] Cf. Gregório Magno, Homilias sobre Ezequiel, II,7 (PL 76, 1018).
[4] Cf. Boaventura de Bagnoregio, Itinerarium mentis in Deum, VII,4.
Informações: Vatican News
quinta-feira, 9 de março de 2023
Francisco reforma Conselho de Cardeais
Em 7 de março, Francisco reformulou seu Conselho de Cardeais, que deveria aconselhá-lo sobre o governo da Igreja. Agora tem nove membros novamente. O Bispo Mellino continua sendo seu secretário.
Substituídos: Bertello (aposentado), Maradiaga (aposentado, ex-coordenador do grupo), Marx (Munique).
Confirmados: Besungu (Kinshasa), Gracias (Bombaim), O'Malley (Boston), Parolin (Curia).
Novos: Da Rocha (São Salvador da Bahia), Hollerich (Luxemburgo), Lacroix (Québec), Omella (Barcelona), Vérgez (Estado da Cidade do Vaticano).
Informações Gloria.TV
sexta-feira, 3 de março de 2023
I Pregação da Quaresma 2023 "Renovar a novidade"
O pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap, propôs à Cúria Romana, nesta sexta-feira, 03 de março, a primeira pregação da Quaresma intitulada "Renovar a novidade".
Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“IPSA NOVITAS INNOVANDA EST”
Renovar a novidade
Primeira Pregação, Quaresma de 2023
A história da Igreja do final do século XIX e início do século XX nos deixou uma amarga lição, que não deveríamos esquecer para não repetir o erro que a provocou. Falo do atraso (antes, da recusa) em se dar conta das mudanças ocorridas na sociedade, e da crise do Modernismo, que foi a sua consequência.
Quem estudou, mesmo superficialmente, aquele período, conhece o dano que daí acarretou tanto para um lado quanto para o outro, isto é, seja para a Igreja, seja para os chamados “modernistas”. A falta de diálogo, por um lado, levou alguns dos mais conhecidos modernistas a posições sempre mais extremas e por terminar claramente hereticais; por outro, privou a Igreja de enormes energias, provocando lacerações e sofrimentos sem sim em seu interior, fazendo-a debruçar sempre mais sobre si mesma e perder o passo com os tempos.
O Concílio Vaticano II foi a iniciativa profética para recuperar o tempo perdido. Ele realizou uma renovação, que, certamente, não é o caso de ilustrar novamente nesta sede. Mais do que seus conteúdos, interessa-nos, neste momento, o método inaugurado por ele, que é o de caminhar na história, ao lado da humanidade, buscando discernir os sinais dos tempos.
A história e a vida da Igreja não se detiveram com o Vaticano II. Cuidado ao fazer dele o que se tentou fazer com o Concílio de Trento, ou seja, uma linha de chegada e uma meta imóvel. Se a vida da Igreja se detivesse, seria como acontece a um rio, que chega a uma barreira: transformar-se-ia, inevitavelmente, em um pântano ou um brejo.
“Não se deve pensar – escrevia Orígenes no III século – que seja o bastante sermos renovados apenas uma vez; é preciso renovar a própria novidade: ‘Ipsa novitas innovanda est’”[1]. Antes dele, o recém-Doutor da Igreja Santo Irineu escrevera: A verdade revelada é “como um precioso licor contido em um valioso vaso. Por obra do Espírito Santo, ela rejuvenesce continuamente e faz rejuvenescer também o vaso que a contém”[2]. O “vaso” que contém a verdade revelada é a tradição viva da Igreja. O “precioso licor” é, em primeiro lugar, a Escritura, mas a Escritura lida na Igreja que, é a definição mais justa da Tradição. O Espírito é, pela sua natureza, novidade. O Apóstolo exorta os batizados a servirem a Deus “na novidade do Espírito e não na velhice da letra” (Rm 7,6).
Não apenas a sociedade não se deteve ao tempo do Vaticano II, mas sofre uma aceleração vertiginosa. As mudanças que um tempo ocorriam em um ou dois séculos, hoje ocorrem em uma década. Esta necessidade de contínua renovação não é outra coisa senão a necessidade de contínua conversão, estendida desde o fiel, individualmente, até Igreja inteira, em sua componente humana e histórica. A “Ecclesia semper reformanda”. O verdadeiro problema, portanto, não está na novidade; está mais no modo de encará-la. Explico-me. Toda novidade e toda mudança se encontram diante de uma encruzilhada; pode levar a duas estradas opostas: ou a do mundo, ou a de Deus; ou o caminho da morte ou caminho da vida. A Didaqué, um escrito redigido enquanto vivia ao menos um dos doze apóstolos, já ilustrava aos fiéis estes dois caminhos.
Agora temos um meio infalível para tomar sempre o caminho da vida e da luz: o Espírito Santo. É a certeza que Jesus deu aos apóstolos antes de deixá-los: “E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um Paráclito, para que permaneça sempre convosco” (Jo 14,16). E ainda: “O Espírito da Verdade, então ele vos guiará a toda a Verdade” (Jo 16,13). Não fará tudo de uma vez, ou de uma vez por todas, mas à medida que as situações se apresentarem. Antes de deixá-los definitivamente, no momento da Ascensão, o Ressuscitado assegura novamente aos seus discípulos a assistência do Paráclito: “Recebereis – diz – a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8).
O intuito das cinco pregações da Quaresma que hoje iniciamos, dito muito simplesmente, é justamente este: encorajar-nos a pôr o Espírito Santo no coração de toda a vida da Igreja, e, em particular, neste momento, no coração dos trabalhos sinodais. Acolher, em outras palavras, o convite urgente que o Ressuscitado dirige, no Apocalipse, a cada uma das sete igrejas da Ásia Menor: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2,7).
É o único modo, além do mais, para não permanecer, eu mesmo, alheio ao empenho em ato pelo sínodo. Em uma das minhas primeiras pregações à Casa Pontifícia, há 43 anos, disse na presença de São João Paulo II: “Tenho continuado a exercer por toda a vida o único encargo que fazia desde criança”. E expliquei em que sentido. Os meus avós maternos cultivavam, por meação, um vasto terreno colinoso. Em junho ou julho, havia a colheita, toda manual, com a foice, encurvados sob o sol. Era uma fadiga enorme. Eu e meus primos éramos encarregados de levar água continuamente aos ceifadores. É isso, eu disse, que tenho continuado a fazer pelo resto da vida. Os ceifadores mudaram, que agora são os operários da vinha do Senhor, e mudou a água, que agora é a Palavra de Deus. Um encargo, o meu, muito menos fadigoso, para dizer a verdade, daquele dos trabalhadores do campo, mas também esse, espero, útil e de algum modo necessário.
Nesta primeira pregação, limito-me em acolher a lição que nos vem da Igreja nascente. Gostaria de mostrar, em outras palavras, como o Espírito Santo guiou os apóstolos e a comunidade cristã a dar os primeiros passos na história. Quando as palavras de Jesus acima recordadas sobre a assistência do Paráclito foram postas por escrito por João, a Igreja já as havia experimentado na prática, e é justamente tal experiência, dizem-nos os exegetas, que se reflete nas palavras do evangelista.
Os Atos dos Apóstolos nos mostram uma Igreja que é, passo a passo, “conduzida pelo Espírito”. A sua guia se exerce não apenas nas grandes decisões, mas também nas coisas de menor importância. Paulo e Timóteo querem pregar o evangelho na província da Ásia, mas “o Espírito Santo os havia impedido”; tentam ir rumo à Bitínia, mas, está escrito, “o Espírito de Jesus os impediu” (At 16,6ss.). Compreende-se, em seguida, o porquê desta guia assim próxima: o Espírito Santo impulsionava deste modo a Igreja nascente a sair da Ásia e olhar para um novo continente, a Europa (cf. At 16,9). Paulo chega a definir-se, em suas escolhas, “prisioneiro no Espírito” (At 20,22).
Não é um caminho retilíneo e sem obstáculos o da Igreja nascente. A primeira grande crise é aquela relativa à admissão dos gentios na Igreja. Não é necessário recordar o seu desenrolar. Interessa-nos apenas recordar como é resolvida a crise. Pedro vai ao encontro de Cornélio e dos pagãos? É o Espírito que lhe ordena (cf. At 10,19; 11,12). E como é motivada e comunicada a decisão tomada pelos apóstolos em Jerusalém de acolher os pagãos na comunidade, sem obrigá-los à circuncisão e a toda a legislação mosaica? Foi resolvida com aquelas extraordinárias palavras iniciais: “Pois decidimos, o Espírito Santo e nós...” (15,28).
Não se trata de fazer arqueologia da Igreja, mas de trazer à luz, sempre de novo, o paradigma de toda escolha eclesial. Não é preciso muito esforço, de fato, para perceber a analogia que há entre a abertura que então se realizou em relação aos gentios, com aquela que hoje se impões em relação aos leigos, em particular, às mulheres, e de outras categorias de pessoas. Por isso, vale a pena recordar a motivação que levou Pedro a superar as suas perplexidades e a batizar Cornélio e a sua família. Lemos nos Atos:
Pedro estava ainda falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que estavam escutando a palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham vindo com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado também sobre os gentios. De fato, eles os ouviam falar em línguas e engrandecer a Deus. Então Pedro falou: “Podemos, por acaso, negar a água do Batismo a estas pessoas, que receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10,44-47).
Chamado a justificar a sua conduta em Jerusalém, Pedro narra o que acontecera na casa de Cornélio e conclui dizendo:
Então, eu me lembrei do que o Senhor havia dito: “João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. Se Deus concedeu a eles o mesmo dom que a nós, que acreditamos no Senhor Jesus Cristo, quem seria eu para opor-me à ação de Deus? (At 11,16-17).
Se olharmos bem, é a mesma motivação que levou os Padres do Concílio Vaticano II a redefinir o papel dos leigos na Igreja, isto é, a doutrina dos carismas. Conhecemos bem o texto, mas é sempre útil trazê-lo à memória:
Este mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas, “distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz” (1Cor 12,11), distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras: “a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum” (1Cor 12,7). Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação[3].
Estamos diante da redescoberta da natureza não só hierárquica, mas também carismática da Igreja. São João Paulo II, na “Novo millennio ineunte” (n. 45), torná-la-á ainda mais explícita, definindo a Igreja como hierarquia e como koinonia. Em uma primeira leitura, a recente constituição sobre a reforma da Cúria “Praedicate Evangelium” (para além de todos os aspectos jurídicos e técnicos sobre os quais sou um perfeito ignorante) me deu a impressão de ser um passo à frente nessa mesma direção: isto é, em aplicar o princípio selado pelo Concílio em um setor particular da Igreja, que é o seu governo, e a um maior envolvimento dos leigos e das mulheres.
Mas agora devemos dar um passo à frente. O exemplo da Igreja apostólica não nos ilumina apenas sobre os princípios inspiradores, isto é, sobre a doutrina, mas também sobre a praxe eclesial. Diz-nos que nem tudo se resolve com as decisões tomadas em um sínodo, ou com um decreto. Há a necessidade de traduzir na prática tais decisões, a chamada “recepção” dos dogmas. E, para isso, são necessários tempo, paciência, diálogo, tolerância; às vezes, também o compromisso. Quando é feito no Espírito Santo, o compromisso não é uma cessão, ou um desconto dado sobre a verdade, mas é caridade e obediência às situações. Quanta paciência e tolerância teve Deus, após ter dado o Decálogo ao seu povo! Quanto teve que esperar longamente – e deve ainda – esperar pela sua recepção!
Em toda a questão acima recordada, Pedro aparece claramente como o mediador entre Tiago e Paulo, ou seja, entre a preocupação da continuidade e aquela da novidade. Nesta mediação, assistimos a um incidente, que pode nos ser de auxílio também hoje. O incidente é aquele de Paulo que, em Antioquia, censura Pedro de hipocrisia por ter evitado se sentar à mesa com pagãos convertidos. Ouçamos o ocorrido de sua viva voz:
Mas, quando Cefas chegou a Antioquia, opus-me a ele abertamente, pois merecia censura. Com efeito, antes que chegassem alguns de junto de Tiago, ele tomava refeição como os não judeus. Mas, depois que eles chegaram, Cefas começou a esquivar-se e a afastar-se, por medo dos da circuncisão (Gl 2,11-12).
Os “conservadores” do tempo censuravam Pedro por ter ido muito além, indo ao encontro do pagão Cornélio; Paulo lhe censura por não ter ido bem mais além. Paulo é o santo que mais admiro e amo. Mas, neste caso, estou convencido de que se deixou levar (não é a única vez!) pelo seu caráter de fogo. Pedro em nada pecou por hipocrisia. A prova é que, em outra ocasião, Paulo fará, ele mesmo, exatamente o que fez Pedro em Antioquia. Em Listra, ele fez circuncidar o seu companheiro Timóteo “por causa – está escrito – dos judeus que se encontravam nessas regiões” (At 16,3), isto é, para não escandalizar ninguém. Aos Coríntios, escreve que se fez “judeu com os judeus, a fim de ganhar os judeus” (1Cor 9,20) e, na Carta aos Romanos, recomenda ira o encontro de quem ainda não chegou à liberdade da qual ele goza (Rm 14,1ss.).
O papel de mediador que Pedro exerceu entre as tendências opostas de Tiago e de Paulo continua nos seus sucessores. Não certamente (e isso é um bem para a Igreja) de modo uniforme em cada um deles, mas segundo o carisma próprio de cada um que o Espírito Santo (e, presume-se, os cardeais abaixo dele) têm considerado o mais necessário em um dado momento da história da Igreja.
Diante dos acontecimentos e realidades políticas, sociais e eclesiais, somos levados a nos colocar imediatamente de um lado e a demonizar aquele adverso, a desejar o triunfo da nossa escolha sobre a dos adversários (se começa uma guerra, cada um reza ao mesmo Deus para dar a vitória aos próprios exércitos e aniquilar os do inimigo!). Não digo que seja proibido ter preferências: em campo político, social, teológico e assim por diante, ou que seja possível não as ter. Jamais deveríamos, contudo, pretender que Deus se coloque do nosso lado contra o adversário. E nem mesmo pedir isso a quem nos governa. É como pedir a um pai para escolher entre dois filhos; é como dizer-lhe: “Escolhe: ou eu, ou o meu adversário; mostra claramente de que lado estás!”. Deus está com todos e, por isso, não está contra ninguém! É o pai de todos.
O agir de Pedro em Antioquia – como também o de Paulo em Listra – não era hipocrisia, mas adaptação às situações, ou seja, a escolha do que, em uma certa situação, favorece o bem superior da comunhão. É sobre este ponto que eu gostaria de continuar e concluir esta primeira meditação, também porque isto nos permite passar do que diz respeito à Igreja universal ao que diz respeito à Igreja local, antes, à própria comunidade, ou família, e à vida espiritual de cada um de nós (que é o que esperamos, penso, de uma meditação quaresmal!).
Há uma prerrogativa de Deus na Bíblia que os Padres amavam enfatizar: a synkatabasis, isto é, a condescendência. Para São João Crisóstomo, ela é uma espécie de chave de leitura de toda a Bíblia. No Novo Testamento, esta mesma prerrogativa de Deus é expressa com o termo benignidade (chrestotes). A vinda de Deus na carne é vista como a manifestação suprema da benignidade de Deus: “Quando se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pela humanidade” (Tt 3,4).
A benignidade – hoje também diríamos cortesia – é algo diverso da simples bondade; é ser bom em relação aos outros. Deus é bom em si mesmo e é benigno conosco. Ela é um dos frutos do Espírito (Gl 5,22); é uma componente essencial da caridade (1Cor 13,4) e é indicador de ânimo nobre e superior. Ela ocupa um lugar central na parênese apostólica. Lemos, por exemplo, na Carta aos Colossenses:
Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, vesti-vos com sentimentos de compaixão, com bondade, humildade, mansidão, paciência; suportai-vos uns aos outros e, se um tiver motivo de queixa contra o outro, perdoai-vos mutuamente. Como o Senhor vos perdoou, fazei assim também vós (Cl 3,12-13).
Este ano, celebramos o quarto centenário da morte de um santo que foi um modelo excelso desta virtude, em uma época também ela marcada por ásperas controvérsias: São Francisco de Sales. Todos deveríamos nos tornar, na Igreja, um pouco mais condescendentes e tolerantes, menos arraigados em nossas certezas pessoais, conscientes de quantas vezes tivemos que reconhecer dentro de nós que estávamos errados a respeito de uma pessoa ou de uma situação, e de quantas vezes tivemos que nos adaptar também nós às situações. Em nossas relações eclesiais, não há, por sorte – e jamais deveria haver –, aquela propensão ao insulto e ao vilipêndio do adversário, que se nota em certos debates políticos e que tanto dano acarreta à convivência civil pacífica.
Há alguém, é verdade, em relação ao qual é justo e necessário ser intransigente, mas esse alguém sou eu mesmo, é o meu eu. Somos inclinados, por natureza, a ser intransigentes com os outros e indulgentes conosco mesmos, enquanto deveríamos nos propor em fazer justamente o contrário: severos conosco mesmos, bondosos com os demais. Este propósito, levado a sério, bastaria sozinho para santificar a nossa Quaresma. Dispensar-nos-ia de qualquer outro tipo de jejum e nos disporia a trabalhar com mais fruto e mais serenidade em cada âmbito da vida da Igreja.
Um ótimo exercício nesse sentido consiste em sermos honestos, no tribunal do próprio coração, em relação à pessoa com quem estamos em desacordo. Quando percebo que estou submetendo alguém a acusação dentro de mim, devo prestar atenção para não me colocar imediatamente da minha parte. Devo parar de passar e repassar as minhas razões como alguém que masca um chiclete, e buscar as minhas razões para me colocar, ao invés, no lugar do outro, para compreender suas razões e o que ele também poderia dizer a mim.
Este exercício não deve ser feito somente em relação à pessoa individualmente, mas também em relação à corrente de pensamento com a qual estou em desacordo e à solução por ela proposta a um certo problema em discussão (no Sínodo ou em outro âmbito). Santo Tomás de Aquino nos dá o exemplo: ele pressupõe a cada sua tese as razões do adversário, que jamais banaliza ou ridiculariza, mas leva a sério e a elas responde com o seu “Sed contra”, isto é, com as razões que considera mais conformes à fé e à moral. Perguntemo-nos (eu, por primeiro): também nós fazemos assim?
Jesus diz: “Não julgueis, e não sereis julgados (...). Por que reparas no cisco no olho do teu irmão, e a trave no teu próprio olho não percebes?” (Mt 7,1-3). Pode-se viver, perguntamo-nos, sem jamais julgar? A capacidade de julgar não faz parte da nossa estrutura mental e não é um dom de Deus? Na redação de Lucas, o mandamento de Jesus: “Não julgueis, e não sereis julgados” é seguido, imediatamente, como para explicitar o sentido destas palavras, pelo mandamento: “Não condeneis, e não sereis condenados” (Lc 6,37). Não se trata, portanto, de eliminar o juízo do nosso coração, mas de tirar o veneno do nosso juízo! Ou seja, o ódio, a condenação, o ostracismo.
Um pai, um superior, um confessor, um juiz, quem quer que tenha alguma responsabilidade sobre os demais, deve julgar. Às vezes, o julgar é, antes, justamente o tipo de serviço ao qual alguém é chamado a exercer na sociedade ou na Igreja. A força do amor cristão está no fato de que ele é capaz de mudar de valor até ao juízo e, de ato de não-amor, torná-lo um ato de amor. Não com as nossas forças, mas graças ao amor que “foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Como conclusão, façamos nossa a belíssima oração atribuída a São Francisco de Assis (talvez não seja sua, mas reflete perfeitamente o seu espírito):
Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
E acrescentemos:
Onde houver malignidade, que eu leve a benignidade.
Onde houver aspereza, que eu leve a gentileza!
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Tradução de Fr. Ricardo Farias, ofmcap
[1] Cf. Orígenes, In Rom. 5,8; PG 14, 1042.
[2] Cf. Santo Irineu, Adversus Haereses, III, 24,1.
[3]Lumen gentium, 12.
Com informações: Vatican News
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CF 2023: REFLEXÃO LEVE A CONSCIÊNCIA DE QUE PARTILHA DOS DONS DEVE SER ATITUDE CONSTANTE
O Papa Francisco enviou sua mensagem ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome“.
A intenção é que essa reflexão gere em todos, diz o Papa, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”.
Na mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o intuito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.
“Ainda hoje, ‘milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”, disse o Papa, recordando um discurso aos Movimentos Populares, em 2014.
“A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos”, afirma o Papa.
Reflexos da Campanha
Francisco desejou também que a conscientização pessoal ressoe “em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome”.
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Confira o texto na íntegra:
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Todos os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ao preparar-nos para a celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espirito Santo, autor da nossa santificação.
Com o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos o nosso olhar para os nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos Populares, 28/X/2014)
A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 35.40).
É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente a ações concretas – sem dúvida, necessárias – que venham de modo emergencial em auxilio dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome.
Desejo igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7) .
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial aqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Benção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 21 de dezembro de 2022.
Franciscus
Por CNBB
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Igreja na Argentina celebra 10º aniversário da eleição do Papa Francisco ao papado
O comitê executivo da Conferência Episcopal Argentina convidou os fiéis do país a celebrar “com alegria e fervor” o 10º aniversário da eleição do Papa Francisco como sucessor de São Pedro.
sábado, 7 de janeiro de 2023
Homilia do Papa Francisco na Solenidade da Epifania do Senhor.
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
Como uma estrela que se levanta (cf. Nm 24, 17), Jesus vem iluminar todos os povos e clarear as noites da humanidade. Com os Magos, erguendo o olhar para o céu, hoje também nós nos perguntamos: «Onde está aquele que acaba de nascer?» (Mt 2, 2). Por outras palavras, qual é o lugar onde podemos procurar e encontrar o Senhor de todos nós?
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
O adeus a Bento XVI: "Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito"
"Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!", com estas palavras, Francisco encerrou a homilia das exéquias do Papa emérito, diante de milhares de fiéis.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2022
Papa Francisco pede orações por Bento XVI
Papa Francisco chora ao lembrar da guerra na Ucrânia
quinta-feira, 30 de junho de 2022
Papa Francisco publica nova Carta Apostólica
Intitulada “Desiderio desideravi”, Carta aborda a formação litúrgica do povo de Deus e é dirigida a bispos, presbíteros e diáconos, pessoas consagradas e fiéis leigos.
quarta-feira, 23 de março de 2022
A oração do Papa na consagração da Rússia e da Ucrânia a Maria
Aqui o texto completo que Francisco pronunciará na tarde de 25 de março, durante a liturgia penitencial na Basílica de São Pedro. Todos os bispos e todos os sacerdotes do mundo são convidados a unir-se nesta súplica.
Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós…”.
É uma das passagens centrais da oração que o Papa elevará depois de amanhã para consagrar e confiar a humanidade, e especialmente a Rússia e a Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria. Francisco pronunciará a oração no final da liturgia da penitência na Basílica de São Pedro, na tarde de sexta-feira, 25 de março, festa da Anunciação. A liturgia terá início às 17h00 (hora de Roma), enquanto a consagração terá lugar por volta das 18h30:
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
Campanha da Fraternidade 2022
Cartaz CF2022 – Fonte: campanhas.cnbb.org.br |
A Campanha da Fraternidade de 2022 (CF/2022) reflete o tema da educação. Nos dias de hoje, trata-se de um assunto oportuno, de suma relevância e até mesmo profético. Que ocorreria com uma pessoa, um país ou uma sociedade que não levasse em conta uma formação crítica e sólida? Nosso grande educador, Paulo Freire, insistia na Educação como prática da liberdade, título de uma de suas obras básicas. Outro de seus livros, Pedagogia do oprimido, por sua vez, vincula a educação fundamental a um diálogo crítico e transformador com a realidade socioeconômica e cultural. Quanto ao lema, a CF/2022 optou por uma frase bíblica tirada do Livro dos Provérbios: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26). Vale sublinhar que estamos diante de uma das linhas mestras da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Ano Santo Jubilar de 2025
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