Todos sabemos que a Quaresma é um tempo penitencial, de oração, esmola e caridade, onde a cor litúrgica é o roxo. Todavia, temos, no decorrer deste tempo, um momento de júbilo, onde a cor litúrgica passa do roxo para o rosa. É o chamado “Domingo Laetare”, ou “Domingo da Alegria”, ou ainda “Domingo das Rosas”, que ocorrerá neste próximo domingo (27/03). Mas, você sabe o porque?
O IV Domingo da Quaresma recebe estes nomes porque assim começa, neste dia, a Antífona de Entrada da Eucaristia: “Laetare, Ierusalem, et conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum laetitia, qui in tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestrae” (“Alegrai-vos, Jerusalém, reuni-vos, todos que a amais; regozijai-vos com alegria, vós que estivestes na tristeza; exultai e sereis saciados com a consolação que flui de seu seio”), conforme Isaías 66, 10-11.
Este domingo, como já foi dito, já foi chamado também de “Domingo das Rosas”, pois, na antiguidade, os cristãos costumavam se presentear com rosas. E é aqui que surge a “Rosa de Ouro”.
No século X surgiu, então, a tradição da “Bênção da Rosa”, ocasião em que o Santo Padre, no IV Domingo da Quaresma, ia do Palácio de Latrão à Basílica Estacional de Santa Cruz, em Jerusalém, levando na mão esquerda uma rosa de ouro que significava a alegria pela proximidade da Páscoa. Com a mão direita, o Papa abençoava a multidão. Regressando, processionalmente a cavalo, o Papa tinha sua montaria conduzida pelo prefeito de Roma. Ao chegar, presenteava o prefeito com a rosa, em reconhecimento pelos seus atos de respeito e homenagem.
Daí, então, teve início o costume de oferecer a “Rosa de Ouro”, quando os papas transferiram-se para Avinhão, continuando depois que o papado retornou para Roma, inicialmente para personalidades e autoridades que mantinham uma relação saudável com a Santa Sé, como príncipes, imperadores, reis…
O príncipe condecorado recebia a Rosa de Ouro do Papa, em solene cerimônia, sendo acompanhado pelo Sacro Colégio dos Cardeais. No início do século XVII passou a ser ofertada somente a rainhas e princesas. Aos imperadores, reis e príncipes eram ofertado presentes mais apropriados, como espadas. Mas, se um monarca estivesse presente em Roma, no Domingo Laetare, ele poderia receber a Rosa de Ouro. O ofício de entregar a Rosa de Ouro aos que residiam fora de Roma foi dado, então, pelo Papa aos Cardeais Legados, aos núncios, aos inter-núncios e aos delegados apostólicos. Em 1895 foi criado um novo ofício, chamado de Portador da Rosa ou Zelador da Rosa, cargo não hereditário, destinado aos príncipes católicos, aos camareiros secretos de capa e espada ou a um membro da Prefeitura da Casa Pontifícia. Este cargo foi posteriormente extinto.
Em tempos mais recentes, depois do Concílio Vaticano II, a condecoração pontifícia passou a ser presente dos Papas à Nossa Senhora.
Tal tradição se dá até hoje, contudo, o Papa realiza atualmente a cerimônia da bênção da “Rosa de Ouro” no Vaticano, e o Brasil já recebeu a “Rosa de Ouro” por duas vezes, uma em 1967, com o Papa Paulo VI, e a última em 2007, com o Papa Bento XVI, ambas para a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
A flor dourada brilhando reflete a majestade de Cristo, com uma simbologia muito apropriada porque os profetas O chamaram “a flor do campo e o lírio dos vales”. Sua fragrância, de acordo com o Papa Leão XIII, “mostra o odor doce de Cristo que deve ser difundido extensamente por seus seguidores fiéis, e os espinhos e o matiz vermelho relembram a sua paixão” (Acta, vol. VI, 104).
Por fim, este domingo é também o “Domingo do Amor de Deus”: do amor narrado: primeira leitura retirada do Livro das Crônicas; do amor anunciado: segunda leitura; e do amor plenamente revelado na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo: Evangelho.
Esta é, pois, a tônica deste domingo: alegrar-nos pela Páscoa de Cristo que se aproxima, levando-O para onde formos, como levamos as rosas para quem amamos, e proclamando-O como a verdadeira luz do mundo a nos guiar! Portanto, façamos o que nos pede São Paulo, em sua carta aos Filipenses: “ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR. REPITO: ALEGRAI-VOS!” (Filipenses 4, 4).
Do original: Você sabe o que é o “Domingo Laetare”? E a “Rosa de Ouro”?
Fonte: Sacrifício Vivo e Santo
Nenhum comentário:
Postar um comentário